Caro ser humano,





            Olá! Me chamo Tempo, e estou presente desde os primeiros milênios da humanidade, tenho presenciado  muita coisa desde então, o seu evoluir, as dádivas da existência da vida, estou da aurora ao crepúsculo, do nascer ao morrer, em cada hora, minuto e segundo. Vi a obsessão de poder em seu olhar, seus feitos grandiosos, e acho incrivelmente  admirável sua capacidade de adaptação. 

           Vejo o quanto mudastes com o meu passar, o quanto eu lhe fiz bem! Porém ainda não me sentia satisfeito, tu olhavas apenas para o sucesso, a fama, o dinheiro e uma infinidade de coisas fúteis e supérfluas. Até chegarmos ao século XXI. 

       O ano é 2020, onde lhe vi totalmente inseguro, com medo do futuro, onde a fragilidade e vulnerabilidade lhe batem à porta para dizer que não és invencível, e sim genuinamente seres mortais.

        Não sou de parar por qualquer eventualidade, mas dei uma pequena pausa para observar-lhe e notei algo muito interessante, que começastes a aprender o que tanto almejo ensinar-lhes. E é o Covid-19 que está lhe moldando gradativamente.

         Trancafiados em suas casas, puderam habitar em seus próprios mundos, compreenderam que o que tinham de mais precioso estava no local onde mal permaneciam e quando perceberam que não sou inimigo, que nem sempre tempo é dinheiro, e a ter uma visão ampla do que é viver.

          E em meio a este cenário sórdido, onde uma pandemia global se espalhava como um rastilho de pólvora, arrastando consigo um batalhão de vidas, vi uma pequena chama crescer na escuridão e uma rede de solidariedade e empatia florescer. 

          Notei que aprendestes a me usar com mais cuidado, arrancando-lhes do mundo superficial em que lhes exigiam ser máquinas e agora tem me valorizado mais. 

        O Covid-19 tem lhes ensinado bastante, principalmente a resgatar valores e princípios que vagavam perdidos no vácuo da humanidade. Olhando em teus olhos agora, percebo que a tua essência está cada vez mais forte e bela, vejo a empatia crescer raízes em novas terras, em favelas do subúrbio, em becos escuros e úmidos onde o Poder Público simplesmente os deixam a mercê de sua própria sorte e indivíduos que dividem o pouco que possuem. 

        Foi necessário sentirdes o amargo da Covid-19 para aprenderem a serem altruístas, que não importa a cor, raça, etnia, posição social e bens materiais, pois o coronavírus não analisa currículos. Me usastes para enriquecer, tudo o que conquistastes não valem de nada, e em meio a tudo isso notaram a importância de cuidarem uns dos outros. 

           Agora compreendeste que eu jamais parara, o que desejavam era voltar para aproveitar a vida que passou, pois os filhos cresceram, os pais envelheceram e sentiram que não haviam aproveitado suficientemente cada segundo do amor familiar, que lhes é ofertado gratuitamente. E é isto que vem lhes modificando, tornando-lhes seres mais empáticos e compreensivos, dando-lhes coragem para estender a mão e ajudar sem qualquer obstáculo.

       É meu caro ser humano, fico orgulhosa e contente por sua evolução e pregresso, apesar das dificuldades, ainda sabes o certo a fazer. Deixo bem claro que não sou vosso inimigo e peço para confiardes em mim, tenha certeza de que trarei todas as respostas do que procuram incansavelmente. Ah! Também sei que tu nunca voltarás a ser o que era antes, e vou lhe contar um segredo, isto sim é fantasticamente grandioso. 

     Jamais se esqueça do que aprendera durante todo o meu passar, afinal, como disse o filósofo e escritor Roman Krznaric: "Empatia é o antídoto ", e com certeza é o melhor remédio para todo e qualquer problema. Apenas confie!

Se cuida, com muito carinho, do seu grande aliado,

Tempo.

Texto escrito pela aluna Sanylli Oliveira Castro.

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