Lavandeira-TO, 26 de julho de 2020



               

Prezado, Senhor Covid-19

  Um planeta e sete bilhões de habitantes. Você já parou para pensar em todo o mal que está causando aqui? Nos questionamentos a respeito disso a todo instante. E cremos que não está aqui por acaso e nem a passeio, veio mudar nossos passos, nossas ações, sentimentos, e principalmente nossas prioridades, absolutamente tudo o que nos envolve. Fiquei sabendo que veio lá daquelas bandas dos povos de olhos puxados, veio para levar vidas, Senhor Corona? Sem ao menos deixar nos despedimos das pessoas que amamos, veio deixar nossos vovozinhos carentes da benção diária e do abraço dos netos? Veio deixar milhares de famílias sem renda? Você nem deve conhecer o significado da palavra saudade, o sentimento de ausência das pessoas que estão lá longe.

 É, Senhor Corona, apesar da maldade que fez com meu planeta, nos acordou e parou o carrossel supersônico de alta velocidade em que vivíamos, os aviões, os trens, as escolas e as festas. Parou a frenética e furiosa onda de ilusões e obrigações que nos impediam de ouvir o pulsar das batidas do nosso coração. Nossa obrigação é de uns para com os outros, como sempre foi, mesmo que tenhamos esquecido. Interrompeu as distrações que nos impediam de erguer os olhos para o céu, olhar as estrelas, ouvir os pássaros e principalmente olhar para o próximo.

 Foi necessário, infelizmente, o Senhor chegar e nos encorajar a conhecer um pouco mais do outro, e a nos colocarmos no lugar do nosso vizinho, da secretária do escritório, da professora, do radialista, do prefeito, do gari. Foi preciso um vírus para causar um terremoto em nosso orgulho e nos lembrar que a vida é um espetáculo único, irrepetível e imperdível, percebemos então a importância e fragilidade dos nossos idosos, enxergarmos que eles simplesmente nos deram a vida e são um tesouro inestimável para humanidade.

Foi preciso um vírus para que os pais acordassem para educarem seus filhos com amor e tempo. Foi necessário um vírus para entendermos que independente da classe social, raça, religião e sexualidade somos todos seres humanos incríveis e que devemos amar mais e julgar menos, e buscarmos nos tornar pessoas empáticas. Foi necessário o senhor chegar nas nossas casas para fazermos doações de mantimentos, máscaras e carinho. Isaac Newton certa feita disse que devemos aprender sempre, até mesmo com um inimigo. O silêncio nos fez criar novos palcos, a cada queda na economia, uma alta na generosidade; para cada escola fechada, ainda mais lições de vida; para cada pessoa isolada, nós a cercamos de amor.

É, seu Corona, você levou parte da nossa alegria, porém deixou ensinamentos que não se perderão. Mas, sem querer ser mal-educada, e sendo, eu vim pedir pro senhor ir embora, minha mãe diz que não podemos faltar com educação com as visitas, entretanto essa é uma situação extrema, a gente quer  abraçar, se beijar, dançar um forró.  Estou pedindo isso pelos meus amigos, meu Brasil, e meu planeta.

  

Atenciosamente,

Adla Cristina Santos Leite.


Texto escrito pela aluna Adla Cristina Santos Leite, turma 33.01.



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